Pois é, o meu pequeno já sabe que os desenhos animados e os filmes são imaginação, fantasia e não correspondem a verdade e que o que passa nos telejornais, as imagens - propriamente dito, são verdade/realidade.
No outro dia, à mesa do almoço (um detalhe, durante o almoço a televisão fica ligada - péssimo hábito, reconheço - passando o jornal da SIC), confirmava comigo essa informação.
Dois dias depois durante o jornal da noite passaram imagens da guerra civil na Líbia, eu atenta às notícias, ouvi a voz dele me perguntando "mãmã porque é que estão com armas na mão. até mulheres, mãmã, até elas estão com armas na mão. o que é que está a acontecer lá?" Confesso que gelei. Não sabia exactamente o que dizer, sequer tinha reparado que ele começou a prestar atenção aos telejornais. E me vi perante um dilema, manter a verdade ou esquivar com uma mentirinha branca para o preservar mais deste mundo cruel das guerras de interesses entre poderosos onde só fazem matar inocentes? Como explicar-lhe?
A verdade prevaleceu, na notícia as imagens são reais, e tentei explicar-lhe o que se passava na Líbia.
Depois veio Japão e explicar-lhe que aquele caos que mais parecia o chão do quarto dele depois de uma tarde de brincadeiras com os amigos (aviões, carros, casas, pessoas todas sendo carregadas e deixadas ao acaso pelo tsunami) não foi coisa fácil. Mas ele já tem 6 anos a caminhar para os 7 e "mentirinhas" já não o convencem.
Até já me perguntou porque é que aquele senhor (Sócrates) está sempre nos telejornais. Claro que só lhe digo que é o 1º Ministro de Portugal e não entro pelas explicações da crise política ou da crise mundial, etc, etc.
Fica cada dia um pouco mais difícil adiar o confronto dele com as realidades mais duras dessa vida. Decidi então com pés de lã, pouco-a-pouco, sem baralhar a cabecinha dele, ir dando algumas explicações e introduzindo alguns conceitos como a democracia, liberdade, crime, lei, etc.
Não é fácil esta fase de descobrirem que o mundo não são rosas. Não é fácil particularmente para nós, os pais.